segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Guarda Cuidadosa (1999-2000)

Uma trupe de atores ambulantes, viajando em sua carroça, pára em um lugar qualquer de uma cidade para apresentar seu espetáculo. O narrador, espécie de duplo de Cervantes, em pernas-de-pau, anuncia a disputa entre um soldado “abombado” e um “homem de sacristia” pelo amor de Cristininha, criada em uma casa de ricos senhores.
O soldado é lunático, um pícaro que deseja ser o escolhido de Cristininha e que tudo faz para afastar seus concorrentes, montando guarda em frente de sua casa, chorando e fazendo ameaças de violência. Ele, que se pretende alguém de prestígio e valia, não passa de um vagabundo.
Lourenço Passinhos, o sub-sacristão, também tenta ganhar o coração da jovem e trava disputa com o “valoroso soldado”. O primeiro, vê-se mais perto de realizar o enlace com Cristininha.

A Guarda Cuidadosa é um entremez de tipos elementares (o soldado, o clérigo, o cego) e de canções. Entre os personagens estão os músicos que participam da representação.
O conflito também é elementar: um soldado quixotesco, com um pé na realidade, outro no sonho, rico apenas em ilusões, monta guarda em frente à casa de sua senhora, Cristina, uma criada ingênua e melindrosa que, por sua vez, ama o subsacristão Passinhos, um religioso sensual. A partir daí se estabelece a disputa entre a cruz e a espada, dois pilares do mundo medieval e feudal, contra os quais Cervantes investe e corrói pelo riso.

Às características do texto foi adicionado um tempero regional: os diálogos foram traduzidos com um vocabulário gauchesco, as referências topográficas adaptadas à geografia da cidade de Porto Alegre. Além disso, foi incorporado à peça um contador de causos, que recupera a fábula e a relata ao público.


Trilha Sonora:
A criação da trilha sonora do espetáculo A Guarda Cuidadosa foi baseada na pesquisa de canções do folclore popular. Outras texturas sonoras foram encontradas através da experimentação com as cenas, onde o ritmo da ação dramática determinou o caráter musical.
Adaptando livremente para as necessidades da peça, buascamos inspiração em cantigas de roda e de outras brincadeiras infantis, na missa crioula, na renascença espanhola, na trova gaúcha e na emboldada nordestina.
Violões, gaita, pandeiros, triângulo, tambor, são tocados ao lado de instrumentos construídos com sucata e objetos cotidianos (chocalhos de rolo de filme fotográfico ou sementes, tamancos de madeira,...) e ainda, um chinelofone baixo (modelo reduzido de um instrumento de canos de PVC, criado pelo grupo mineiro UAKTI, que nos foi apresentado pelo músico Guilhermo Santiago). O resulatdo final é interessante porque consegue encontrar uma unidade expressiva dentro de propostas musicais diversas e sublinhar o caráter lúdico do espetáculo.

Ficha Técnica:

Direção: Jessé Oliveira
Autor: Miguel de Cervantes
Tradução: Messias Gonzalez
Elenco: André Mubarack, Janaina Pelizzon, Kailton Vergàra, Nando Messias, Fernanda Silva, Messias Gonzalez e Rodrigo Marques
Trilha sonora e direção musical: Viviane Juguero e Roger Kichalowsky
Figurinos: Raquel Cappelletto
Acessórios e adereços: Alexandre Fávero e Paulo Balardin
Maquiagem: João Ricardo
Criação Gráfica: Magazine Imagem & Texto
Tradução do Programa: Lorena Avellar de Muniagurria
Fotos: Itiberê Alencastro
Assistente de Fotografia: Heloísa Gravina
Produção e Divulgação: Bumba Meu Bobo
Direção de Produção: Jessé Oliveira

O espetáculo foi apresentado em diversos parques e praças da capital e do interior do Estado do Rio Grande do Sul, além do Festival Iznard Azevedo, em Florianópolis e no Encuentro de Teatro Popular (Santiago do Chile). A peça fez apresentações nos anos de 1999 e 2000.

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